quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Hands-on Nokia N950 (Ou: Como o futuro da Nokia poderia ser)


Nokia N950 é o “kit de desenvolvimento” do Nokia N9, o primeiro e último celular com MeeGo a ser vendido pela fabricante finlandesa.
Um aparelho voltado para desenvolvedores, o N950  não será vendido, portando seu objetivo passa longe de ser alvo de uma análise tradicional. A Nokia não proibe que se fale a respeito dele, mas pede que o tom negativo seja evitado exatamente pela natureza beta tanto do software quanto do hardware.
Claro, devo admitir que é realmente difícil achar pontos negativos nele…
Disclaimer dado, vamos ao aparelho em si!

É, ele não rotaciona algumas telas - como a home screen
Hardware
Como podia se esperar, o N950 tem o mesmo processador de 1GHz e 1GB de RAM do N9. Até mesmo o design é bem parecido, mas o N950 é feito de alumínio, enquanto o N9 é de policarbonato.
Ao contrário do irmão que chegará nas lojas, ele não tem a tela curva nem NFC. A câmera tem resolução maior, 12MP  mas é limitada a 8MP por software.
A tela é ligeiramente maior (4″ x 3.9″) e tem a mesma resolução: 854×480, mas é LCD ao invés de AMOLED.
Finalizando, o N950 possui um teclado QWERY fisico, num formato parecido com o Nokia E7.
Os botões do aparelhos são apenas três – um liga/desliga e os dois de volume. Depois do aparelho ligado, até mesmo o liga/desliga é desnecessário: Basta um toque duplo na tela para acordar o celular.
Comparado com o Galaxy S, também com tela de 4″, o N950 parece mais estreito e um pouco mais curto. Só é mais grosso graças ao teclado físico.
Falando no teclado, ele é bastante confortável. Apesar de preferir teclados virtuais, achei ele bastante confortável.
Aviso: Histórinha longa, pule para a próxima foto.
Antes de mais nada, um pequeno histórico: O MeeGo surgiu ainda como Maemo, lá em 2005, junto com o Nokia N770.
Como a Nokia fazia questão de dizer, o N770 não era um celular, mas um “Internet Tablet”. Na época era tido como PDA grandão (a tela tinha 4.13″ com 800×480) pra acessar “a mesma internet do desktop”.
Por rodar uma distribuição Linux derivada do Debian, acabou virando um brinquedinho de nerd. Depois ainda vieram o N800 e N810, no mesmo conceito.
O Maemo parecia ser um ótimo concorrente para o então iPhone OS, já que também tinha fortes laços com um SO desktop e um ótimo navegador, mas o N900, primeiro telefone com o sistema, só foi aparecer em 2009 – dois anos depois do celular da Apple.
Ainda assim o N900 era um telefone entre aspas,  ainda tinha muito do DNA dos antecessores.
Era grande, meio desajeitado e com algumas particularidades: Tirando o discador, nenhum aplicativo rodava em modo retrato – que é como a maioria dos mortais usa um telefone.
A esperança é que em pouco tempo a Nokia passaria a usar o Maemo no restante da linha de smartphones, abandonando aos poucos o já datado Symbian.
No ano seguinte, o MeeGo surgiu do casório do Maemo com o Moblin da Intel, mas desde então não houve o anúncio de nenhum aparelho com o sistema.
Quando no começo desse ano surgiu o tal memorando da “Plataforma em chamas”, ele parecia bastante razoável. Afinal, se a Nokia não tinha nada novo com MeeGo em dois anos, é porque as coisas deveriam estar realmente lentas…
Para a surpresa de todos, depois de anunciar que migraria para o Windows Phone a Nokia anuncia o N9, com uma versão bastante atrativa do MeeGo. Não é de se estranhar que muita gente se perguntou se ela havia feito a decisão certa de desistir de sua platadorma.
TL;DR: A Nokia tem a faca e o queijo para fazer um sistema moderno desde 2005 e agora que finalmente conseguiu, matou sua própria cria
Software
A versão do MeeGo customizada pela Nokia leva o nome de “Harmattan”.
Nele a experiência é dividida em três telas: A primeira é a de eventos, onde as notificações e as atualizações dos seus amigos estão listadas. A segunda é o tradicional lançador de aplicativos, um menu com todos os Apps instalados. A terceira é onde os aplicativos abertos são mostrados de uma forma bem parecida com o antigo Exposé do OS X.
Puxando devagar a tela de baixo para cima, aparece uma espécie de Dock com ícones para o Telefone, Mensagens, Câmera e Navegador – os ícones são predefinidos, mas com um App disponível na Nokia Store é possível customizá-los.
O MeeGo suporta uma boa quantidade de serviços online – há suporte para o GMail (só Email e Chat, sem Contatos ou Calendários), Facebook, Twitter, Flickr, Picasa, YouTube e obviamente a “Conta Nokia”, usada na Nokia Store e também para sincronizar contatos.
Tudo é bem integrado ao sistema. O aplicativo de mensagens se conecta ao Facebook e ao Google Talk – faz até chamadas de voz pelo serviço do Google. No N9, ainda há suporte ao Skype.
O conteúdo vindo do Facebook aparece na tela de eventos, assim como o Twitter.
Só a parte de mídia que decepciona um pouco. Flickr e Picasa são suportados apenas para upload, assim como o YouTube: Apesar de existir um ícone para o serviço no menu principal, ele redireciona para o site móvel do YouTube.
O navegador é razoável, mas bastante minimalista. Nada de histórico ou favoritos, muito menos abas: As páginas são abertas como novas janelas, assim como no webOS.
Apesar de facilitar a troca entre páginas, isso acaba deixando a tela de Apps aberto um tanto poluída. No webOS ao menos é possível arranjar as páginas em pilhas.
O cliente de email é bem razoável, mas não arranja os emails em conversas – algo imperdoável pra alguém acostumado com o GMail.
O teclado virtual tem até um botão pra cedilha e é tão bom de digitar quanto o do iOS, só que com correções que realmente ajudam. O bastante popular Swype também está disponível, mas ainda tem alguns bugs…
Tocando na barra de status no topo da tela, você pode mudar o perfil ou volume rapidamente, assim como ver o estado da conexão WiFi ou 3G e escolher o status nos serviços de chat suportados.
Os aplicativos do Twitter e do Facebook estão pré-instalados no MeeGo, tanto no N950 quanto no N9 – e são bem parecidos com os irmãos do Android e iOS.
Assim como o sistema, eles já vem traduzidos para o português. Outro aplicativo que já fala nosso idioma é o Foursquare, que está disponível na Nokia Store.
Tirando eles, não sobra muita coisa… Um problema do MeeGo é a falta de aplicativos. Ele até vem razoavelmente bem servido (para mim, só faltou o Whatsapp), mas não há nada que motive os desenvolvedores a criar para a plataforma: Programar para o MeeGo é bastante simples, mas que desenvolvedor se dará a esse trabalho sendo que a Nokia já anunciou que não dará mais atenção pro sistema?
O N9 será o primeiro e último aparelho com o sistema, mas sendo vendido por R$1699, é difícil convencer alguém a comprá-lo…
Gosto do Windows Phone, mas é triste ver a Nokia jogando um sistema tão capaz fora. Por mais que ela esteja atrasada, ainda vende muitos aparelhos.
Só no ano passado, o Symbian ^3 (na época restrito ao high-end da marca) vendeu o triplo de unidades do Windows Phone 7.
Isso com um sistema tão desejável quanto um Sybian, imaginem com um sistema moderno.
E se o MeeGo ja tem alguns grandes desenvolvedores mesmo estando morto, com uma boa base instalada então…
Via Meio Bit

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